ÉTICA EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
Leandro Juliatti
Venturoso
Sinopse: Este artigo tem o
intuito de demonstrar ao administrador,que ética e responsabilidade social e
ambiental, são idéias que estão no centro das tendências mais importantes da
administração contemporânea, fatos que tornaram essenciais para o sucesso do
administrador do terceiro milênio. Dentro deste contexto, demonstrando também a
evolução da ética, bem como as dificuldades que as pessoas encontram em
identificar e procurar caminhos para solucionar os problemas advindo destas
questões, ou seja, encontrar respostas para a seguinte pergunta: Por que a
ética e a responsabilidade social e ambiental tem aparecido como uma
estratégia, não apenas de sobrevivência, mas, sobretudo de expansão dos
negócios?
Palavras-chave: Ética,
Responsabilidade Social e Ambiental, desenvolvimento e Empreendedorismo.
1. Objetivos - Objetivo Geral
Analisar a importância da
aplicação da ética empresarial e, da responsabilidade social e ambiental das
organizações, uma vez que estas são questões essenciais para o progresso de uma
organização do terceiro milênio.
Objetivo Especifico - São eles:
Analisar os conceitos de
ética e sua abrangência na administração das organizações.
Demonstrar a evolução da
ética através de três filósofos: Aristóteles, Kant e Hegel.
Identificar a relação e os
problemas relacionados à ética empresarial e a responsabilidade social e
ambiental, com o melhoramento do desempenho das organizações.
Buscar soluções
alternativas para as questões tratadas neste artigo.
2. Introdução
Esta pesquisa irá enfatizar
a questão da ética empresarial e da responsabilidade social e ambiental,
demonstrando a importância destas questões para a sobrevivência de uma
organização.
De acordo com o dicionário,
ética é definida como, do Grego Ethos, tem a mesma base etimológica da palavra
moral, do Latim Mores, traduzidos como hábitos e costumes, que traduzem normas
e comportamentos que se tornam habituais. A ética também compreende uma critica
sobre os fundamentos do sistema moral.
Os fundamentos da ética,
desde a antiguidade, têm participado da construção do sistema de valores, como
serão tratados através de três filósofos: Aristóteles, Kant e Hegel, todos em
períodos distintos da história.
Atualmente a questão da
ética e da responsabilidade social e ambiental, esta sendo encarada como a
grande oportunidade de crescimento e competitividade, ou seja, que a ética não
deve ser entendida como ameaça ou obstáculo, mas como alavanca para o sucesso
das empresas. No entanto, não se deve esquecer dos papeis das empresas perante
a sociedade, ou seja, ficar atento as responsabilidades para com a sociedade, e
não ficar preso aos interesses dos acionistas.
3. Ética Numa Perspectiva
Histórica
A ética vem sendo estudada e
discutida, desde a antiguidade, com base nos valores e costumes da sociedade,
exemplo disto foi o filósofo Aristóteles (384 – 322 a. c.), que criou uma ética
baseada nas virtudes e no bem-estar das pessoas, definida com o termo “Fins do
Ser Humano”, ou seja, envolve os objetivos a curto prazo e os seus projetos de
vida, tendo a razão e a virtude como meios de encontrar a felicidade. Segundo
Aristóteles, “Não se estuda ética pra saber o que é virtude, mas, para aprender
a tornar-se virtuoso e bom; de outra maneira, seria um estudo completamente
inútil.” (ARISTÓTELES, apud ARRUDA, 2003 p. 43).
Na Idade Moderna o
conhecimento humano se pauta pela razão em detrimento da fé, tendo como
filosofo principal Kant (1724 – 1804). Ele buscava uma ética universal baseada
na igualdade entre os homens, não podendo exigir do próximo o que não se exige
de si próprio. A ética kantiana pode ser considerada como a ética do dever,
onde a moral tem a ver com a racionalidade do sujeito, e não basicamente com
aspectos exteriores como leis, costumes e tradições.
Já Hegel (1770 – 1831),
vincula a ética à História e à Política, baseada nas atitudes do homem na
sociedade Política e no momento histórica. Atualmente a tendência é valorizar a
posição de liberdade, enquanto o ideal da ética privilegia o aspecto pessoal da
ética, como a autenticidade e a busca de uma vida mais justa, procurando
despertar nos indivíduos uma consciência ética e crítica em prol de uma
sociedade mais livre e mais humana.
4. Ética Empresarial
Dentre as razoes que têm
impulsionado a ética no ambiente empresarial destacam-se os altos custos de
escandalosos nas empresas, acarretando perda de confiança na reputação, multas
elevadas, desmotivação dos empregados, entre outros. Dentro deste contexto,
podemos citar algumas razoes para o “surgimento” da ética empresarial, como:
urgência em recuperar a confiança na empresa; necessidade de tomar decisões à
longo prazo; responsabilidade social das empresas; necessidade de uma ética nas
organizações que estabeleça o papel do diretor e o meio para recuperar a
comunidade frente ao individualismo.
Devido à necessidade de
fundamentar a ética empresarial, surge a introdução dos chamados “Códigos de
Ética Empresarial”, que oferece as seguintes vantagens:
“Ajudar a difundir os
elementos da cultura organizacional, melhora a reputação da empresa, oferece
proteção e defesa contra processos judiciais, melhora o desempenho da empresa,
melhora o comportamento dos subordinados (honestidade e fidelidade), cria um
clima de trabalho integral e de perfeição,criar estratégias para evitar erros
em matéria de ética, assimilar as mudanças da organização, estimular
comportamentos positivos, ajudar a satisfazer a necessidade do investidor,
ajudar a proteger os dirigentes de seus subordinados e vice-versa.” (MERCIER,
2004 p. 98).
Ao analisarmos a ética no
contexto empresarial precisamos inicialmente compreender sua dimensão nas
empresas e a relação com a moral da empresa e do ser humano:
“A ética dos negócios é o
estudo da forma pela qual normas morais, pessoais se aplicam à atividade e aos
objetivos da empresa comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas
do estudo de como o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e
exclusivos a pessoa moral que atua como um gerente desse sistema.” (NASH,1993
p. 93, apud BOWDITCH).
Outro problema relacionado à
ética nas organizações é o excesso de burocracia, ocasionando insatisfação dos
clientes. Dentro do cenário brasileiro está se formulando uma nova forma de
trabalho, nela a ética é considerada como grande interesse empresarial e fator
de competitividade, atraindo maior confiabilidade e consistência.
Neste contexto, os valores
mais importantes são: o talento, a inteligências, o relacionamento e a marca.
Onde a responsabilidade social tem papel predominante, com relação a esses
valores. O relacionamento com a comunidade, deve seguir padrões éticos, no
sentido de estimular o compromisso social das empresas.
5. Responsabilidade Social
das Organizações
a responsabilidade social é
uma exigência básica à atitude e ao comportamento ético, através de praticas
que demonstrem que a empresa possui uma alma, cuja preservação implica em
solidariedade e compromisso social.
A preocupação das empresas
com as causas sociais tem se tornado uma questão estratégica e de
sobrevivência, pois durante anos as empresas só se preocupavam com a qualidade
de seus processos, hoje um bom produto, serviço e preso competitivo deixou de
ser vantagem e passou a ser obrigação, juntamente com qualidade no
relacionamento com os diversos públicos estratégicos.
Atualmente as empresas devem
ficar atentas a temas como: erradicação do trabalho infantil, regularizar o
trabalho do adolescente, prorrogação do período de licença maternidade e defesa
de um meio ambiental sustentável. Ou seja, as empresas, cada vez mais, passa a
assumir o papel de empresa cidadã, conforme os interesses e necessidade da
sociedade.
Mesmo porque, a busca pela
consolidação de uma imagem socialmente responsável faz com que o meio
empresarial busque formas de melhorar seu relacionamento com o meio ambiente e
a sociedade, de modo a contribuir para o desenvolvimento social e econômico, do
qual depende para sua sobrevivência. Por este motivo, seja de forma espontânea,
ou por pressão da sociedade, as empresas publicas e privadas tem o dever de assumir
uma postura consciente e responsável pelo bem-estar da sociedade onde exerce
sua atividade.
6. As Organizações e o
Ambiente
Nos últimos anos, cresceu o
interesse das empresas em relação a danos provocados ao meio ambiente e, no
futuro das relações entre a sociedade e o ambiente. De modo geral o ambiente é
considerada uma questão sistêmica, envolvendo todas as noções e o comportamento
de cada pessoa, pois as necessidades humanas precisam ser atendidas por algum
tipo de produto ou serviço que, por sua vez, cobra um preço da natureza. De
forma desequilibrada a produção de bens e serviços irá comprometer a capacidade
de renovação dos recursos naturais e a qualidade de vida, ou seja, se
continuarmos desta forma a sobrevivência da espécie humana ficará comprometida
pelo atendimento de suas necessidades.
Em busca de soluções, muitos
governos estão restringindo algumas atividades econômicas que exerça algum pito
de impacto sobre o ambiente, exigindo das organizações a inclusão do ambiente
em suas praticas administrativas, por meio do desenvolvimento sustentável e
respeito da legislação ambiental.
A idéia de desenvolvimento
sustentável foi estabelecida pela Comissão Mundial do Ambiente e do
Desenvolvimento como: “O desenvolvimento que atende as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações
futuras.”
Já o conceito de
desenvolvimento sustentável vai além da simples preservação dos recursos da
natureza:
“... é um processo
participativo que cria e almeja uma visão de comunidade que respeita e usa com
prudência todos os recursos – naturais, humanos, feitos pelas pessoas, sociais,
culturais, científicos, e assim por diante. A sustentabilidade procura
garantir, o Maximo possível, que as gerações atuais tem elevado o grau de
segurança econômica e possam ter democracia e participação popular no controle
das comunidades. Paralelamente, as gerações atuais devem manter a integridade
dos sistemas ecológicos dos quais dependem toda a vida e a produção. Devem
também assumir responsabilidades em relação às gerações futuras, para
deixar-lhes a mesma visão.”. (VIEDERMAN, 1994 p.73, apud MAXIMIANO)
Segundo o Instituto dos
Recursos Mundiais, uma organização só poderá alcançar seus objetivos econômicos
se respeitar os objetivos sociais e ambientais, como: educação, saúde,
distribuição igualitária dos recursos e uma base sustentável de recursos
naturais.
A Lei de Proteção Ambiental
Brasileira é a lei nº 6938, de 1981, a Lei da Política do Meio Ambiente. Esta
lei indica vários instrumentos ambientais, tais como:
Licenciamento ambiental,
que é “...o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, aplicação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou que possam causar degradação ambiental”. (lei nº
6938, de 1981, apud MAXIMIANO)
A avaliação de impacto
ambiental, sempre que houver a possibilidade de significativa degradação do
meio ambiente.
Responsabilidade civil
ambiental, o agressor responde administrativa, civil e penalmente por seu ato.
Um artigo da Constituição
Federal diz:
“Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (art. 225, de
1988, apud MAXIMIANO)
7. Considerações Finais
Como foi visto a ética vem
sendo discutida e utilizada desde a antiguidade, com base em um sistema de
valores, cujo qual veio sofrendo mudanças, principalmente no mundo atual onde
estas questões estão sendo mais valorizadas pela sociedade e pelas empresas.
No âmbito empresarial a
ética está sendo considerada não apenas como meio de sobrevivência, mas sim,
como instrumento de expansão dos negócios. Mesmo porque a ética empresarial
surgiu como meio de recuperar a confiança na empresa, tanto dos funcionários,
quanto dos clientes, para isto se utilizam do chamado “Código de Ética
Empresarial”, que visa melhorar a imagem e o desempenho das empresas perante a
sociedade.
No entanto, nada adianta uma
empresa aparentar ser eticamente correta, dentro deste contexto, se ela não
assumir uma política de responsabilidade social e ambiental. A partir de
planejamento e execução de ações socialmente responsáveis, que consolidem
projetos relacionados ao meio ambiente, à melhoria do ambiente de trabalho,
entre outros, um novo posicionamento empresarial e novas relações, fundamentadas
numa atuação ética, deverão ser estabelecidas com funcionários, consumidores,
comunidade, enfim com a sociedade de um modo geral. Percebe-se, desta forma,
que os profissionais de comunicação passam a desenvolver junto às organizações
uma postura social e ética mais voltada à qualidade de vida da sociedade.
Com base no que foi exposto,
pode-se dizer que ética empresarial e a responsabilidade social e ambiental não
é assunto para as horas vagas, é filosofia e prática de empresa. Significa não
ao individualismo e aos seus subprodutos: egocentrismo e corporativismo. Não ao
autoritarismo e suas subdivisões: o totalitarismo político, com centralização
do poder; totalitarismo organizacional, com o comportamento burocrático; o
totalitarismo emocional, com o paternalismo. Ou seja, a ética é a alma do
negócio. É o que garante o conceito público e a perpetuidade, sem princípios
éticos é inviável a organização social.
8. Referências
Bibliográficas
MAXIMIANO, Antonio César
Amaru. Introdução à Administração. 6 ed. ver. e ampl. São Paulo: Atlas, 2004.
ARRUDA, Maria Cecília
Coutinho; WHITAKER, Maria do Carmo e RAMOS, Jose Maria Ramos. Fundamentos da
Ética Empreendedora e Econômica.2 ed. São Paulo: Atlas S/A, 2003.
MERCIER, Samuel. L’Ethique
Dans Lês Entreprises. Nouv Edition. Paris: La Decouverte, 2004. Tradução: Marta
Marília.
PASSOS, Elizete. Ética nas
Organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
BOWDITCH, Jaimes L.;
ANTHONY, F. Buono. Elementos do Comportamento Organizacional. São Paulo:
Pioneira, 1992.
Hppt:// WWW.
Criticanarede.com. Acesso em 18 fev. 2007.
FONTE:
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/etica-empresarial-e-a-responsabilidade-social-e-ambiental/23198/