BEHAVIORISMO
Por Ana Lucia Santana
Há
diversas teorias psicológicas sobre o comportamento humano. O ‘internalismo’
postula que as causas do comportamento estão sediadas no interior do homem,
seja em seu organismo ou em sua mente - nas memórias ou nas emoções. Skinner,
ao propor o behaviorismo radical, opõe-se a esta visão, responsabilizando o
meio ambiente pela conduta humana, trilhando assim caminho semelhante ao da
Cibernética.
O Behaviorismo –
do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta,
comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais
teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento
só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar
uma ciência que o estude, pois suas concepções são as mais divergentes,
inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Os
ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo
Radical.
Esta teoria teve
início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê".
Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da
mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de
observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo
behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do
comportamento humano. Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo
Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a
conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas
teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência
com o cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou
gesto que lembre a chegada de sua refeição.
Assim, qualquer modificação orgânica resultante de um estímulo do
meio-ambiente pode provocar as manifestações do comportamento, principalmente
mudanças no sistema glandular e também no motor. Mas nem toda conduta
individual pode ser detectada seguindo-se esse modelo teórico, daí a geração de
outras teses. Eduard C. Tolman propõe o Neobehaviorismo Mediacional ao
publicar, em 1932, sua obra Purposive behavior in animal and men. Na sua
teoria, o organismo trabalha como mediador entre o estímulo e a resposta, ou
seja, ele atravessa etapas que Tolman denomina de variáveis intervenientes -
elos conectivos entre estímulos e respostas -, estas sim consideradas ações
internas, conhecidas como gestalt-sinais.(nota 1)
Esta linha de
pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada
sobre mapas cognitivos – interações estímulo-estímulo – gerados nos mecanismos
cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um
comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário de
Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas, reestruturando a linha
mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no
comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços de
uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas características
presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um precursor da
Psicologia Cognitiva.
Skinner criou, na década de 40, o Behaviorismo Radical, como uma
proposta filosófica sobre o comportamento do homem. Ele foi radicalmente contra
causas internas, ou seja, mentais, para explicar a conduta humana e negou
também a realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção
de Watson, que só não estendia seus estudos aos fenômenos mentais pelas
limitações da metodologia, não por eles serem irreais. Skinner recusa-se
igualmente a crer na existência das variáveis mediacionais de Tolman. Em
resumo, ele acredita que o indivíduo é um ser único, homogêneo, não um todo
constituído de corpo e mente.
O
behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos
pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e
tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos
modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões
comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente,
seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um
espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta
esfera. O desenvolvimento das Neurociências, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que ocorre na
mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio dos
estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de estudiosos
renomados como Noam Chomsky, o
qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da
linguagem e da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as
teorias psicológicas dominantes.
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Nota 1: A psicologia se
consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período
ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava
então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das
partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos.
Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um
sentido aproximado de figura, forma, aparência.
Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar
a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se
valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia
certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus
mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer,
que desenvolveram as Leis da
Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento
teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida
linha filosófica.
Esta
doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das
partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que
coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora
uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels,
que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da
Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto,
e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna
de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a
percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que
a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é
gerado nesta síntese.
Leis da Gestalt
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o
processo de percepção, chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade
de conhecer os objetos. Estas normas podem ser resumidas como:
Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores,
nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica
pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual.
Proximidade: Partes mais próximas umas das outras,em um certo local,
inclinam-se a ser vistas como um grupo.
Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas.
Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para
melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.
Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que
tem limites bem marcados.
Experiência
Fechada: Esta lei está relacionada ao
atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se conhecermos anteriormente
determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de
associações do aqui e agora com uma vivência anterior.
A
TERAPIA GESTALT
A Gestalt
Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls
(1893-1970), que tinha grande interesse pela neurologia e
posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um psicanalista. Ao
elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de
Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este
campo de pesquisas. Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se
definitivamente em Nova York, onde conheceu seu grande colaborador, Paul
Goodman. Juntos introduziram o conceito de Gestalt Terapia, recebendo depois o
apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros autores. Foram
inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da
Gestalt, a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo
de Lewin, o Holismo de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e,
enfim, a filosofia oriental.
A
GESTALTPEDAGOGIA
No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil.
O russo Hilarion Petzold, radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar
esta possibilidade na área educacional. Em 1977, ele cria a Gestaltpedagogia,
uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da Gestalt para o
contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas
pedagógicos da atualidade.
Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes
princípios filosóficos conquistaram seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem
como na educação e na área de Recursos Humanos das empresas.
Fontes:
http://www.gestaltsp.com.br/o-que-e-gestalt/
https://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/http://www.gestaltsp.com.br/o-que-e-gestalt/
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