segunda-feira, 13 de agosto de 2018

ÉTICA EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL


ÉTICA EMPRESARIAL E A RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
Leandro Juliatti Venturoso

Sinopse: Este artigo tem o intuito de demonstrar ao administrador,que ética e responsabilidade social e ambiental, são idéias que estão no centro das tendências mais importantes da administração contemporânea, fatos que tornaram essenciais para o sucesso do administrador do terceiro milênio. Dentro deste contexto, demonstrando também a evolução da ética, bem como as dificuldades que as pessoas encontram em identificar e procurar caminhos para solucionar os problemas advindo destas questões, ou seja, encontrar respostas para a seguinte pergunta: Por que a ética e a responsabilidade social e ambiental tem aparecido como uma estratégia, não apenas de sobrevivência, mas, sobretudo de expansão dos negócios?
Palavras-chave: Ética, Responsabilidade Social e Ambiental, desenvolvimento e Empreendedorismo.

1. Objetivos - Objetivo Geral
Analisar a importância da aplicação da ética empresarial e, da responsabilidade social e ambiental das organizações, uma vez que estas são questões essenciais para o progresso de uma organização do terceiro milênio.

Objetivo Especifico - São eles:
Analisar os conceitos de ética e sua abrangência na administração das organizações.
 Demonstrar a evolução da ética através de três filósofos: Aristóteles, Kant e Hegel.
 Identificar a relação e os problemas relacionados à ética empresarial e a responsabilidade social e ambiental, com o melhoramento do desempenho das organizações.
 Buscar soluções alternativas para as questões tratadas neste artigo.

2. Introdução
Esta pesquisa irá enfatizar a questão da ética empresarial e da responsabilidade social e ambiental, demonstrando a importância destas questões para a sobrevivência de uma organização.
De acordo com o dicionário, ética é definida como, do Grego Ethos, tem a mesma base etimológica da palavra moral, do Latim Mores, traduzidos como hábitos e costumes, que traduzem normas e comportamentos que se tornam habituais. A ética também compreende uma critica sobre os fundamentos do sistema moral.
Os fundamentos da ética, desde a antiguidade, têm participado da construção do sistema de valores, como serão tratados através de três filósofos: Aristóteles, Kant e Hegel, todos em períodos distintos da história.
Atualmente a questão da ética e da responsabilidade social e ambiental, esta sendo encarada como a grande oportunidade de crescimento e competitividade, ou seja, que a ética não deve ser entendida como ameaça ou obstáculo, mas como alavanca para o sucesso das empresas. No entanto, não se deve esquecer dos papeis das empresas perante a sociedade, ou seja, ficar atento as responsabilidades para com a sociedade, e não ficar preso aos interesses dos acionistas.

3. Ética Numa Perspectiva Histórica
A ética vem sendo estudada e discutida, desde a antiguidade, com base nos valores e costumes da sociedade, exemplo disto foi o filósofo Aristóteles (384 – 322 a. c.), que criou uma ética baseada nas virtudes e no bem-estar das pessoas, definida com o termo “Fins do Ser Humano”, ou seja, envolve os objetivos a curto prazo e os seus projetos de vida, tendo a razão e a virtude como meios de encontrar a felicidade. Segundo Aristóteles, “Não se estuda ética pra saber o que é virtude, mas, para aprender a tornar-se virtuoso e bom; de outra maneira, seria um estudo completamente inútil.” (ARISTÓTELES, apud ARRUDA, 2003 p. 43).
Na Idade Moderna o conhecimento humano se pauta pela razão em detrimento da fé, tendo como filosofo principal Kant (1724 – 1804). Ele buscava uma ética universal baseada na igualdade entre os homens, não podendo exigir do próximo o que não se exige de si próprio. A ética kantiana pode ser considerada como a ética do dever, onde a moral tem a ver com a racionalidade do sujeito, e não basicamente com aspectos exteriores como leis, costumes e tradições.
Já Hegel (1770 – 1831), vincula a ética à História e à Política, baseada nas atitudes do homem na sociedade Política e no momento histórica. Atualmente a tendência é valorizar a posição de liberdade, enquanto o ideal da ética privilegia o aspecto pessoal da ética, como a autenticidade e a busca de uma vida mais justa, procurando despertar nos indivíduos uma consciência ética e crítica em prol de uma sociedade mais livre e mais humana.

4. Ética Empresarial
Dentre as razoes que têm impulsionado a ética no ambiente empresarial destacam-se os altos custos de escandalosos nas empresas, acarretando perda de confiança na reputação, multas elevadas, desmotivação dos empregados, entre outros. Dentro deste contexto, podemos citar algumas razoes para o “surgimento” da ética empresarial, como: urgência em recuperar a confiança na empresa; necessidade de tomar decisões à longo prazo; responsabilidade social das empresas; necessidade de uma ética nas organizações que estabeleça o papel do diretor e o meio para recuperar a comunidade frente ao individualismo.
Devido à necessidade de fundamentar a ética empresarial, surge a introdução dos chamados “Códigos de Ética Empresarial”, que oferece as seguintes vantagens:
“Ajudar a difundir os elementos da cultura organizacional, melhora a reputação da empresa, oferece proteção e defesa contra processos judiciais, melhora o desempenho da empresa, melhora o comportamento dos subordinados (honestidade e fidelidade), cria um clima de trabalho integral e de perfeição,criar estratégias para evitar erros em matéria de ética, assimilar as mudanças da organização, estimular comportamentos positivos, ajudar a satisfazer a necessidade do investidor, ajudar a proteger os dirigentes de seus subordinados e vice-versa.” (MERCIER, 2004 p. 98).
Ao analisarmos a ética no contexto empresarial precisamos inicialmente compreender sua dimensão nas empresas e a relação com a moral da empresa e do ser humano:
“A ética dos negócios é o estudo da forma pela qual normas morais, pessoais se aplicam à atividade e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos a pessoa moral que atua como um gerente desse sistema.” (NASH,1993 p. 93, apud BOWDITCH).
Outro problema relacionado à ética nas organizações é o excesso de burocracia, ocasionando insatisfação dos clientes. Dentro do cenário brasileiro está se formulando uma nova forma de trabalho, nela a ética é considerada como grande interesse empresarial e fator de competitividade, atraindo maior confiabilidade e consistência.
Neste contexto, os valores mais importantes são: o talento, a inteligências, o relacionamento e a marca. Onde a responsabilidade social tem papel predominante, com relação a esses valores. O relacionamento com a comunidade, deve seguir padrões éticos, no sentido de estimular o compromisso social das empresas.

5. Responsabilidade Social das Organizações
a responsabilidade social é uma exigência básica à atitude e ao comportamento ético, através de praticas que demonstrem que a empresa possui uma alma, cuja preservação implica em solidariedade e compromisso social.
A preocupação das empresas com as causas sociais tem se tornado uma questão estratégica e de sobrevivência, pois durante anos as empresas só se preocupavam com a qualidade de seus processos, hoje um bom produto, serviço e preso competitivo deixou de ser vantagem e passou a ser obrigação, juntamente com qualidade no relacionamento com os diversos públicos estratégicos.
Atualmente as empresas devem ficar atentas a temas como: erradicação do trabalho infantil, regularizar o trabalho do adolescente, prorrogação do período de licença maternidade e defesa de um meio ambiental sustentável. Ou seja, as empresas, cada vez mais, passa a assumir o papel de empresa cidadã, conforme os interesses e necessidade da sociedade.
Mesmo porque, a busca pela consolidação de uma imagem socialmente responsável faz com que o meio empresarial busque formas de melhorar seu relacionamento com o meio ambiente e a sociedade, de modo a contribuir para o desenvolvimento social e econômico, do qual depende para sua sobrevivência. Por este motivo, seja de forma espontânea, ou por pressão da sociedade, as empresas publicas e privadas tem o dever de assumir uma postura consciente e responsável pelo bem-estar da sociedade onde exerce sua atividade.

6. As Organizações e o Ambiente
Nos últimos anos, cresceu o interesse das empresas em relação a danos provocados ao meio ambiente e, no futuro das relações entre a sociedade e o ambiente. De modo geral o ambiente é considerada uma questão sistêmica, envolvendo todas as noções e o comportamento de cada pessoa, pois as necessidades humanas precisam ser atendidas por algum tipo de produto ou serviço que, por sua vez, cobra um preço da natureza. De forma desequilibrada a produção de bens e serviços irá comprometer a capacidade de renovação dos recursos naturais e a qualidade de vida, ou seja, se continuarmos desta forma a sobrevivência da espécie humana ficará comprometida pelo atendimento de suas necessidades.
Em busca de soluções, muitos governos estão restringindo algumas atividades econômicas que exerça algum pito de impacto sobre o ambiente, exigindo das organizações a inclusão do ambiente em suas praticas administrativas, por meio do desenvolvimento sustentável e respeito da legislação ambiental.
A idéia de desenvolvimento sustentável foi estabelecida pela Comissão Mundial do Ambiente e do Desenvolvimento como: “O desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras.”
Já o conceito de desenvolvimento sustentável vai além da simples preservação dos recursos da natureza:
“... é um processo participativo que cria e almeja uma visão de comunidade que respeita e usa com prudência todos os recursos – naturais, humanos, feitos pelas pessoas, sociais, culturais, científicos, e assim por diante. A sustentabilidade procura garantir, o Maximo possível, que as gerações atuais tem elevado o grau de segurança econômica e possam ter democracia e participação popular no controle das comunidades. Paralelamente, as gerações atuais devem manter a integridade dos sistemas ecológicos dos quais dependem toda a vida e a produção. Devem também assumir responsabilidades em relação às gerações futuras, para deixar-lhes a mesma visão.”. (VIEDERMAN, 1994 p.73, apud MAXIMIANO)
Segundo o Instituto dos Recursos Mundiais, uma organização só poderá alcançar seus objetivos econômicos se respeitar os objetivos sociais e ambientais, como: educação, saúde, distribuição igualitária dos recursos e uma base sustentável de recursos naturais.
A Lei de Proteção Ambiental Brasileira é a lei nº 6938, de 1981, a Lei da Política do Meio Ambiente. Esta lei indica vários instrumentos ambientais, tais como:
 Licenciamento ambiental, que é “...o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, aplicação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou que possam causar degradação ambiental”. (lei nº 6938, de 1981, apud MAXIMIANO)
 A avaliação de impacto ambiental, sempre que houver a possibilidade de significativa degradação do meio ambiente.
 Responsabilidade civil ambiental, o agressor responde administrativa, civil e penalmente por seu ato.
Um artigo da Constituição Federal diz:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (art. 225, de 1988, apud MAXIMIANO)

7. Considerações Finais
Como foi visto a ética vem sendo discutida e utilizada desde a antiguidade, com base em um sistema de valores, cujo qual veio sofrendo mudanças, principalmente no mundo atual onde estas questões estão sendo mais valorizadas pela sociedade e pelas empresas.
No âmbito empresarial a ética está sendo considerada não apenas como meio de sobrevivência, mas sim, como instrumento de expansão dos negócios. Mesmo porque a ética empresarial surgiu como meio de recuperar a confiança na empresa, tanto dos funcionários, quanto dos clientes, para isto se utilizam do chamado “Código de Ética Empresarial”, que visa melhorar a imagem e o desempenho das empresas perante a sociedade.
No entanto, nada adianta uma empresa aparentar ser eticamente correta, dentro deste contexto, se ela não assumir uma política de responsabilidade social e ambiental. A partir de planejamento e execução de ações socialmente responsáveis, que consolidem projetos relacionados ao meio ambiente, à melhoria do ambiente de trabalho, entre outros, um novo posicionamento empresarial e novas relações, fundamentadas numa atuação ética, deverão ser estabelecidas com funcionários, consumidores, comunidade, enfim com a sociedade de um modo geral. Percebe-se, desta forma, que os profissionais de comunicação passam a desenvolver junto às organizações uma postura social e ética mais voltada à qualidade de vida da sociedade.
Com base no que foi exposto, pode-se dizer que ética empresarial e a responsabilidade social e ambiental não é assunto para as horas vagas, é filosofia e prática de empresa. Significa não ao individualismo e aos seus subprodutos: egocentrismo e corporativismo. Não ao autoritarismo e suas subdivisões: o totalitarismo político, com centralização do poder; totalitarismo organizacional, com o comportamento burocrático; o totalitarismo emocional, com o paternalismo. Ou seja, a ética é a alma do negócio. É o que garante o conceito público e a perpetuidade, sem princípios éticos é inviável a organização social.

8. Referências Bibliográficas
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à Administração. 6 ed. ver. e ampl. São Paulo: Atlas, 2004.
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho; WHITAKER, Maria do Carmo e RAMOS, Jose Maria Ramos. Fundamentos da Ética Empreendedora e Econômica.2 ed. São Paulo: Atlas S/A, 2003.
MERCIER, Samuel. L’Ethique Dans Lês Entreprises. Nouv Edition. Paris: La Decouverte, 2004. Tradução: Marta Marília.
PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
BOWDITCH, Jaimes L.; ANTHONY, F. Buono. Elementos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992.
Hppt:// WWW. Criticanarede.com. Acesso em 18 fev. 2007.

FONTE:
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/etica-empresarial-e-a-responsabilidade-social-e-ambiental/23198/

ÉTICA, ÉTICA EMPRESARIAL, MORAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

ÉTICA, ÉTICA EMPRESARIAL, MORAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Introdução
Ao iniciar um trabalho que envolve a ética como objeto de estudo, consideramos importante, como ponto de partida, estudar os conceitos de ética, ética empresarial e fazendo uma pequena abordagem sobre a moral e a responsabilidade social que consideramos muito importantes para o nosso trabalho e para toda sociedade.
O objetivo desse artigo é refletir sobre a ética, moral e a responsabilidade nas empresas, no sentido de motivar as ações para a pratica do bem.
Segundo Nash, (1990, pg. 3) “apesar de que a atividade de ganhar dinheiro sempre teve uma aliança meio desconfortável com o senso particular de moralidade das pessoas”.
Numa definição bem geral, ética aceita a existência da história da moral, tomando como ponto de partida à diversidade de morais no tempo, entendendo que toda sociedade tem sido caracterizada por um conjunto de regras, normas e valores, não se identificando com os princípios e normas de nenhuma moral em particular nem adotando atitudes indiferentes ou diante delas. A história da ética é um assunto complexo e que exigem alguns cuidados em seu estudo. Como disciplina ou campo de conhecimento humano, ética se refere à teoria ou estudos sistemáticos sobre a prática moral. Dessa forma ela analisa e critica os fundamentos e princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens em sociedade.
A ética é na verdade como a educação de nosso caráter, temperamento ou vontade pela razão, em busca de uma vida justa, bela e feliz, que estamos destinados por natureza. Traduzindo o processo consciente ou intuitivo que nos ajuda a escolher entre vícios e virtudes, entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto. É a predisposição habitual e firme, fundamentada na inteligência e na vontade, de fazer o bem. Ser ético, portanto, é buscar sempre o bem, combater vícios e fraquezas, cultivar virtudes, proteger e preservar a vida e a natureza.
Também abrange toda reflexão que fazemos sobre o nosso agir e sobre o sentido ou missão de nossa vida, bem como sobre os valores e princípios que inspiram e orientam nossa conduta, buscando a verdade, a prática de virtudes e a felicidade. Não devemos confundir ética e moral, a ética não cria a moral nem estabelece seus princípios, normas ou regras. Ela já encontra, numa dada sociedade ou grupo, a realidade moral vigente e parte dessa realidade para entender suas origens, a sua essência, as condições objetivas e subjetivas dos atos morais e os critérios ou parâmetros que justificam os juízos e os princípios que regem as mudanças e sucessão de diferentes sistemas morais.
A ética também estuda e trata a responsabilidade do comportamento moral, a decisão de agir numa dada situação concreta é um problema prático moral; investigar se a pessoa pôde ou não escolher e agir de acordo com a decisão que tomou é um problema teórico - ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao quais nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total e vem de fora para dentro (normas de conduta pré-estabelecidas às quais devemos nos ajustar) não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, portanto para a ética.

1. Definição de ética, moral e ética empresarial.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Idéias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.
Em nossas relações cotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? Será que é correto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? Será que posso mentir para conquistar o meu cliente?
Ao analisar o problema do comportamento ético-moral que hoje é o tema nos negócios que invade todas as áreas das empresas da mesma forma é assunto presente na mídia.
Para Valls (1993, p.7) “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”. Nesse sentido pode-se dizer que, alguns diferenciam ética e moral de vários modos, mas na verdade uma completa a outra.
A fim de maior compreensão fez-se necessário uma busca nos dicionários Aurélio e o dicionário Sérgio Ximenes, no qual o sentido de ética e moral nos expressa que ética é como moral, como norma baseia-se em princípios e regras morais fixas que precisam ser seguidas para vivermos em uma sociedade mais justa.
No dicionário de Aurélio (2005, p.407), conceitua-se ética e moral como “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”.
O autor Aurélio (2005, p.604), também conceitua moral como conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
O dicionário de Sérgio Ximenes (2002, pg. 409), define ética como ciência que estuda os juízos moral referente á conduta humana, virtude caracterizada pela orientação dos atos pessoais segundo os valores do bem e da decência pública, e a moral conjunto de regras de conduta baseadas nas noções de bem e de mal, Os estudos de Maximiano (1974, p.294) demonstram que a ética tem sido entendida sob várias concepções. Assim, a concepção de ética tratada pelo autor afirma que.
“A ética é como a disciplina ou campo do conhecimento que trata da definição e avaliação de pessoas e organização, e a disciplina que dispõe sobre o comportamento adequado e os meios de implementá-lo levando-se em consideração os entendimentos presentes na sociedade ou em agrupamentos sociais particulares”.
Reale (1999, p.29 apud Ourives, 2006, p.2) também afirma que a ética é a ciência normativa dos comportamentos humanos.
Segundo esses autores, a ética é como um conjunto de normas no qual o ser humano deve seguir para ser respeitado na sociedade.
Já Nogueira, (1989, p.5), conceitua a ética de uma forma um pouco diferente dos demais autores citados.
Godim,(2005,p.6), define a ética como o estudo geral do que é bom ou mal, para ele um dos objetivos da ética é a busca de justificativa para as regras propostas pela moral pois é diferente, pois não estabelece regras está reflexão sobre a ação humana diz que a moral estabelece regras que são assumidas pelas pessoas como uma forma de garantir o seu bem-viver a moral depende das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que se quer se conhece, mas utilizam este mesmo referencial comum.
Em um outro entendimento Moreira (1999, p.28, apud, Ourives, 2006, p3), conceitua ética empresarial como “o comportamento da empresa entendida lucrativa quando age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade (regras éticas)”.
Na definição de Denny (2001, p.134), não há distinção entre moral e ética, a ética empresarial, para ele consiste na busca do interesse comum, ou seja, do empresário, do consumidor e do trabalhador. Os dois autores explicam que as empresas devem seguir as regras e os princípios morais, e que as empresas imorais não são autênticas empresas.
Já no que diz respeito à ética nas vendas tem se observado que as maiorias das empresas estão mais preocupadas com declarações de princípios ou cartas de valores, de princípios e a sua missão, há empresa que querem mostra que estão realmente preocupadas com as relações com os seus clientes, mas muitas delas esquecem do significado da palavra ÉTICA. (EDUARDO BOTELHO, 2000, pg. 5).
O que fica disto é a imagem de que algumas empresas não estão na realidade, voltada para os clientes, mas sim, que estão apenas dizendo isto, mas sem ética como praticar qualquer outro princípio.
Afinal ética é algo que todos precisam ter, alguns dizem que tem, mas na verdade poucos levam a sério, na ética profissional as regras não devem ser quebradas e sim seguidas.
2. Valores Éticos e sua Interpretação
Na interpretação de Maximiano (1974, p.371) os valores éticos podem ser absolutos, baseia-se na premissa de que as normas de conduta são válidas em todas as situações, ou relativa, que as normas dependem da situação.
Para melhor entender, fez-se um estudo mais aprofundado onde os orientais entendem a ética relativa de forma que os indivíduos devem dedicar-se inteiramente à empresa, que constitui uma família à qual pertence à vida dos trabalhadores. Já, para os ocidentais, o entendimento é de que há diferença entre a vida pessoal e a vida profissional. Assim, encerrado o horário normal do trabalho, o restante do tempo é do trabalhador e não do patrão. Em relação à ética absoluta, parte-se do princípio de que determinadas condutas são intrinsecamente erradas ou certas, qualquer que seja a situação, e, dessa maneira, devem ser apresentadas e difundidas como tal.
3. Ética empresarial e sua Importância
A empresa tem sido entendida, doutrinariamente, como uma atividade econômica organizada, exercida profissionalmente pelo empresário, através do estabelecimento. (BULGARELLI, WALDIRIO. 1993 p. 22) Para um melhor entendimento uma empresa é uma organização particular, governamental, ou de economia mista, que produz e oferece bens e/ou serviços, com o objetivo de obter lucros.
Ética empresarial diz respeito a regras, padrões e princípios morais sobre o que é certo ou errado em situações específicas.
Serão apresentadas algumas definições de ética empresarial, para um melhor entendimento sobre sua importância.
Segundo Arnold Wald (1999, p.5), manifestando sobre a crescente importância da ética expressa que, evoluímos, assim, para uma sociedade em que alguns denominaram.

FONTE: 
https://www.webartigos.com/artigos/etica-etica-empresarial-moral-e-responsabilidade-social/1700

domingo, 12 de agosto de 2018

BEHAVIORISMO - COMPORTAMENTO HUMANO


BEHAVIORISMO
Por Ana Lucia Santana

Há diversas teorias psicológicas sobre o comportamento humano. O ‘internalismo’ postula que as causas do comportamento estão sediadas no interior do homem, seja em seu organismo ou em sua mente - nas memórias ou nas emoções. Skinner, ao propor o behaviorismo radical, opõe-se a esta visão, responsabilizando o meio ambiente pela conduta humana, trilhando assim caminho semelhante ao da Cibernética.
O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas concepções são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical.
Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê". Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência com o cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada de sua refeição.
Assim, qualquer modificação orgânica resultante de um estímulo do meio-ambiente pode provocar as manifestações do comportamento, principalmente mudanças no sistema glandular e também no motor. Mas nem toda conduta individual pode ser detectada seguindo-se esse modelo teórico, daí a geração de outras teses. Eduard C. Tolman propõe o Neobehaviorismo Mediacional ao publicar, em 1932, sua obra Purposive behavior in animal and men. Na sua teoria, o organismo trabalha como mediador entre o estímulo e a resposta, ou seja, ele atravessa etapas que Tolman denomina de variáveis intervenientes - elos conectivos entre estímulos e respostas -, estas sim consideradas ações internas, conhecidas como gestalt-sinais.(nota 1)
Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos – interações estímulo-estímulo – gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário de Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas, reestruturando a linha mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços de uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas características presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um precursor da Psicologia Cognitiva.
Skinner criou, na década de 40, o Behaviorismo Radical, como uma proposta filosófica sobre o comportamento do homem. Ele foi radicalmente contra causas internas, ou seja, mentais, para explicar a conduta humana e negou também a realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção de Watson, que só não estendia seus estudos aos fenômenos mentais pelas limitações da metodologia, não por eles serem irreais. Skinner recusa-se igualmente a crer na existência das variáveis mediacionais de Tolman. Em resumo, ele acredita que o indivíduo é um ser único, homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente.
O behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente, seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta esfera. O desenvolvimento das Neurociências, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio dos estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes.
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Nota 1: psicologia se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência.
Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica.
Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese.

Leis da Gestalt

Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se á elaboração de leis que regem esta faculdade de conhecer os objetos. Estas normas podem ser resumidas como:
Semelhança: Objetos semelhantes tendem a permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos. Esta característica pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual.
Proximidade: Partes mais próximas umas das outras,em um certo local, inclinam-se a ser vistas como um grupo.
Boa Continuidade: Alinhamento harmônico das formas.
Pregnância: Este é o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem. É praticamente a lei mais importante.
Clausura: A boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcados.
Experiência Fechada: Esta lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior ao Gestalt. Se conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de associações do aqui e agora com uma vivência anterior.

A TERAPIA GESTALT

Gestalt Terapia surgiu pelas mãos do médico alemão Fritz Perls (1893-1970), que tinha grande interesse pela neurologia e posteriormente pela psiquiatria. Por este caminho tornou-se um psicanalista. Ao elaborar novas idéias psicanalíticas, chegou a ser expulso da Sociedade de Psicanálise. Depois de um encontro com Freud, rompeu definitivamente com este campo de pesquisas. Em 1946, Fritz imigrou para a América, instalando-se definitivamente em Nova York, onde conheceu seu grande colaborador, Paul Goodman. Juntos introduziram o conceito de Gestalt Terapia, recebendo depois o apoio e o auxílio da esposa de Fritz, Lore, e de outros autores. Foram inspirados por várias correntes, como o Existencialismo, a Psicologia da Gestalt, a Fenomenologia, a Teoria Organísmica de Goldstein, a Teoria de Campo de Lewin, o Holismo de Smuts, o Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, enfim, a filosofia oriental.
A GESTALTPEDAGOGIA
No campo da pedagogia, a Gestalt também encontrou terreno fértil. O russo Hilarion Petzold, radicado na Alemanha, foi o primeiro a apresentar esta possibilidade na área educacional. Em 1977, ele cria a Gestaltpedagogia, uma transferência dos princípios terapêuticos da filosofia da Gestalt para o contexto da educação, com o objetivo de resolver os principais problemas pedagógicos da atualidade.
Mais de 50 anos depois da criação da Gestalt Terapia, estes princípios filosóficos conquistaram seu lugar no panorama psicoterapêutico, bem como na educação e na área de Recursos Humanos das empresas.

Fontes:
http://www.gestaltsp.com.br/o-que-e-gestalt/
https://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/


segunda-feira, 25 de junho de 2018

ÉTICA DEONTOLÓGICA (KANT) E ÉTICA TELEOLÓGICA (ARISTÓTELES)


ÉTICA DEONTOLÓGICA (KANT)
E ÉTICA TELEOLÓGICA (ARISTÓTELES)
São duas perspectivas ou teorias sobre a ação ética.

ÉTICA DEONTOLÓGICA, defendida por Kant, valoriza a intenção da ação, de acordo com o dever, independentemente das consequências.
Deontologia significa “teoria do dever” ou “estudo do que convém”, em termos de ação. Agir por dever e em função de uma boa intenção são os princípios que determinam a boa ação. Agir bem implica uma boa intenção e uma boa vontade. O que é que isto quer dizer? A ação é boa se a intenção (razão ou motivo) for boa e se ela for pensada como boa vontade, ou seja, se for universal. Será universal se o que decidirmos for bom para nós próprios e para os outros (todos). Se não for uma ação egoísta ou só pensada em função de mim próprio terá uma dimensão ética, de maneira que, como diz KANT: “age de tal maneira que uses a humanidade tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro sempre como um fim e nunca simplesmente como um meio”. Por outras palavras, devemos tratar os outros como nós tratamos a nós próprios; assim se compreende a dimensão universal dos nossos atos, defendida por KANT. Por isso se diz que a ética de KANT é uma Ética Formal: não indica normas concretas de conduta, mas dá indicações gerais de como devemos agir com os outros. Não diz como em concreto devemos fazer para tratar os outros como “fins em si”, do tipo, como fazer para a velhinha passar a estrada, mas, em geral, sugere posturas universais aplicáveis a todas as situações (devemos tratar os outros como pessoas que têm valor por si próprias e que nunca devemos usar para nosso benefício).

ÉTICA TELEOLÓGICA, defendida por autores com ARISTÓTELES é uma Ética consequencialista. Isto significa que a boa ação se deve medir pelas consequências. Ou seja, o fim da ação é o que determina todo o agir. E o fim último e mais importante é a felicidade. Todos os homens se devem reger por esta finalidade.
Teleologia significa o “estudo do fim”; aliás, “teleos” significa fim, o fim da ação. Em concreto, numa ação concreta, o mais importante não é saber se a intenção é boa, mas sim se teve boas consequências. Por isso se diz que é uma Ética do Concreto, que diria com se deve atingir a felicidade e com se deveria ajudar a velhinha a passar a estrada.
Para ARISTÓTELES, o ser humano deve procurar o fim adequado à sua natureza (Humana) e esse fim é a virtude e a felicidade. Nos atos humanos devemos procurar agir em equilíbrio de maneira a não prejudicar os outros. Um ato virtuoso é um ato equilibrado que não peca por defeito nem por excesso. Assim, a coragem excessiva pode levar à morte e a cobardia pode resultar da mesma forma; neste caso a ponderação da ação com vista ao fim que se deseja é a melhor das ações, sendo o meio-termo a melhor solução. Em Ética e segundo este autor, no meio é que está a virtude.



segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA - INTRODUÇÃO

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA
''VOS SOIS TODOS IRMÃOS" (Mt 23,8)


ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Os episódios de violência intensificaram-se e tornaram-se comuns também em cidades pequenas e médias, deixando de ser um fenômeno típico das grandes metrópoles. A violência direta é que chama mais a atenção. Essa forma de violência acontece quando uma pessoa usa a força contra outra. Porém, vemos crescer sempre mais as formas coletivas e organizadas da prática de violência.
A violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Essa violência pode resultar em dano físico, sexual, psicológico ou morte. A violência não é um caso apenas reservado ao tratamento policial, à lei, mas é uma questão social que requer a atenção e a participação de toda a sociedade para ser enfrentada.

Nesta Campanha da Fraternidade desejamos refletir a realidade da violência, rezar por todos os que sofrem violência e unir as forças da comunidade para superá-la. Os índices da violência no Brasil superam significativamente os números de países que se encontram em guerra ou que são vítimas frequentes de atentados terroristas.

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA - VER
Ao longo da década de 1990, cresceu significativamente o acesso aos equipamentos e aos serviços privados de proteção. Todavia, essa aparente proteção também aumenta, colateralmente, o isolamento. Mantém-se à distância não só o potencial inimigo, mas também o amigo.
Esse distanciamento impede o confronto necessário e benéfico com o outro, abrindo portas para o estra­nhamento e o ódio contra quem pensa ou é diferente. O "outro" converte-se, então, em mais uma ameaça à sensação individual de segurança.
Apesar de possuir menos de 3% da população mundial, nosso país responde por quase 13% dos assassina­tos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo do ranking, considerado o número absoluto de homicídios. Foram 59.627 mortes, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (lpea)
Entre os maiores desafios contemporâneos no campo da segurança pública, em uma perspectiva de pro­moção à cidadania, está o de garantir que as políticas públicas implementadas tenham em vista o aumento da solidariedade entre as pessoas, ao invés de enclausurá-las, criando-se empecilhos ou mesmo impedindo relações interpessoais humanizadas. Não existe a possibilidade de se encaminhar uma solução sem a ampla e irrestrita participação da sociedade.
Não se compreende a violência apenas pela consideração dos atos violentos - os quais representam apenas sua face mais óbvia e mais fragmentária. Nas seções seguintes, ao invés de perceber a violência reduzida apenas ao exercício direto da força, pretende-se descrever as situações estruturais de geração e perpetuação  da violência.

A EXPERIÊNCIA COTIDIANA DA VIOLÊNCIA - No Brasil,cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora. A cada dia, são 123 pessoas assassinadas dessa forma. No ano de 2014, houve mais de 40 mil mortes. A violência direta pode ter formas sutis sem, com isso, tornar-se menos danosa. As redes sociais têm con­
tribuído para dar visibilidade à violência expressa sob a forma de preconceito ou ódio de classe, de raça, de gênero, de política e até mesmo de intolerância religiosa.
É possível suspeitar que a sociedade brasileira possa estar consolidando modos de vida cuja referência é fazer justiça com as próprias forças.
Três fatores são fundamentai s para definir esses espaços de paz e de guerra. O primeiro deles é a ação (ou omissão) do poder público. O segundo ponto que demarca a ocorrência da paz ou da guerra está re­lacionado ao poder do dinheiro. Um terceiro ponto diz respeito ao tratamento seletivo dado pelos órgãos públicos, dos três poderes, em relação à garantia de direitos, como o acesso à Justiça.

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL - A violência no Brasil está relacionada a modelos de organização e a prá­ticas sociais que alcançam um nível institucional e sistemático de produção e perpetuação de modos de vida violentos.
Vários estudos associam o aumento da violência letal - ou seja, a violência que gera morte - ocorrido na década de 1980 com a crise socioeconômica vivida naquele período. O processo inflacionário e a conse­quente corrosão dos salários implicaram perda de rendimentos principalmente para os mais pobres. Como resultado, aumentou expressivamente a desigualdade social.
A violência não parece ser redutível a uma disfunção ou mal funcionamento do aparato estatal. Mostra­-se, antes, como um processo de produção e de reprodução de desigualdades, resultante do próprio modo de funcionamento das instituições.
A desigualdade de poder acaba por implicar uma distribuição também desigual dos bens e serviços, criando círculos viciosos. Por encontrarem-se em uma situação de fragilidade, os pobres constituem as principais vítimas das mazelas econômicas por que sucessivamente passa o país.

A CULTURA DA VIOLÊNCIA - Por "violência cultural" entendem-se as condições em razão das quais uma determinada sociedade não reconhece como violência atos ou situações em que determinadas pessoas são agredidas. Criam-se processos que fazem aparecer como legítimas certas ações violentas.
Estudos feitos a partir de inquéritos policiais mostram uma grande proporção de assassinatos cometidos por impulso ou por motivos fúteis: ciúmes, desavenças entre vizinhos, desentendimentos no trânsito e ou­tras formas de conflito, nesse contexto, a reação violenta torna-se naturalizada, como se a forma passional fosse a maneira única e "normal" de reagir a uma situação conflitiva.
Entende-se que uma certa dose de violência seria, inclusive, benéfica para manter as "pessoas de bem" longe do crime e dar o "devido castigo" a quem deixou de fazer "aquilo que é certo". Diferentemente da violência direta que pode ser mais facilmente identificada e da violência estrutural da qual se veem traços mais ou menos definidos, a violência cultural pode ser mais esquiva.

A VIOLÊNCIA COMO SISTEMA NO BRASIL (A violência como parte da história do Brasil) - Desde o período colonial, foi sendo imposto um arranjo social no qual certas categorias de pessoas recebiam um tratamento melhor do que outras.
Passaram-se as décadas, mas, no Brasil, foi se instituindo apenas uma igualdade formal dos indivíduos. Mesclam-se as distinções sociais e as econôm1cas de tal forma que se forja uma sociedade altamente hie­ rarquizada - baseada em relações de mando e subordinação, ao invés de fundar-se na igualdade de direitos e na imparcial obediência às leis.
O Brasil é um país perigoso para quem atua em favor da igualdade de direitos. 66 defensores dos direitos humanos foram assassinados no Brasil em 2016. O modo violento de se viver em sociedade no Brasil se dá por causa da escolha de alguns grupos que, ao tentar manter a atual ordem estabelecida, acaba tornando alguns modelos fixos e sem alteração, nesse caso é complexo o enfrentamento da violência, pois prejudica as relações sociopolíticas.
Não há solução para a violência fora das discussões que ocorrem no âmbito da política. A corrupção é a expressão de que o dinheiro está em primeiro lugar e a dignidade das pessoas e o bem público em segundo. A corrupção trai a justiça e a ética social, compromete o funcionamento do Estado, confunde o público e o privado. Papa Francisco nos diz: "quando o dinheiro se torna um ídolo, ele comanda as escolhas do homem. Assim, o dinheiro arruína o homem e o condena a ser um escravo."

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO:

VIOLÊNCIA RACIAL - Suposição de que exis­tam raças humanas distintas e de que umas são superiores a outras. Nessa mentalidade, o sujeito considera inferiores as pessoas que não possuem as mesmas características que ele.

VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS - Entre jovens de 15 a 24 anos, os homicídios são a principal causa de morte. Dentre tais jovens vitimados, a imensa maioria era composta por negros (71,44%), majoritariamente do sexo masculino (93,03%). O assassínio de jovens é uma questão que ultrapassa os limites das políticas de segurança e a transformam em um problema de saúde pública e de civilidade. Essa violação de direitos humanos causa um imenso sofrimento nas famílias que perdem seus filhos.

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E HOMENS - 13 homicídios diários, em média -, o Brasil ocupa a quinta colocação em uma lista de 83 países. Ocorrem aqui 2,4 vezes mais homicídios de mulheres do que a média internacional. A cada três vítimas de violência, duas eram mulheres.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - 71,8% das agressões registradas pelo SUS em 2011 aconteceram no domicílio da vítima. Casos de violência são mais frequentes contra mulheres jovens. Uma em cada seis pessoas (16%) com mais de 60 anos de idade já sofreram algum tipo de abuso.

VIOLÊNCIA E NARCOTRÁFICO - O narcotráfico movimenta mais de 400 bilhões de dólares por ano, sen­do um dos setores mais lucrativos da economia mundial. Ao invés de os governos nacionais e os sistemas
internacionais de combate às drogas somarem esforços no combate à produção e distribuição das drogas,
onde se encontram os grandes traficantes, a política de repressão às drogas está seletivamente direcionada aos usuários e microtraficantes.
40% dos nove milhões de presos em todo o mundo foram aprisionados em razão do comércio e do uso de substâncias consideradas ilícitas. Perfil do encarcerado: 67% dos presos no Brasil são negros, 56% têm entre 18 e 29 anos, e 53% não completaram sequer o Ensino Fundamental. No caso do encarceramento feminino, 63% das mulheres estão presas por tráfico de drogas.

INEFICIÊNCIA DO APARATO JUDICIAL - O Brasil tem umas das maiores populações carcerárias do mundo. São mais de 650 mil presos, vivendo em condições degradantes.
Ao invés de praticar os ideais de recuperação e reintegração da pessoa apenada à sociedade, as prisões se transformam em um depósito de supostos "maus elementos" a serem reprimidos e, se possível, esque­ cidos pela sociedade.

POLÍCIA E VIOLÊNCIA - é comum que se enxergue, como única solução para o problema da violência, o aumento do policiamento e o recrudescimento das leis penais. Esta não é a solução!

RELIGIÃO E VIOLÊNCIA - A religião é um elemento de coesão social, que otimiza o capital social das comunidades. Quando as pessoas se reúnem em comunidade e na identidade de suas crenças, elas reforçam os laços que as unem e reconhecem-se como irmãos, irmãs e semelhantes. Contudo, também é possível que a experiência religiosa também se converta em uma forma de violência. No Brasil, tem sido comum a intolerância e o fanatismo religioso.